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Os Milagres de Jesus segundo o Espiritismo

A respeito da figura de Jesus muito já foi escrito. Parte de suas realizações são atribuídas como milagres.

A Bíblia explica que o objetivo dos milagres de Jesus era mostrar para o mundo que ele era realmente o filho de Deus e, além disso, revelar a misericórdia do Criador e seu plano para a humanidade.

A etimologia da palavra milagre mostra que a mesma significa um acontecimento inexplicável, fora do comum das leis da natureza, algo que ninguém pode explicar ser possível.

O espiritismo, no entanto, ensina que sempre há uma explicação plausível para os acontecimentos, e que tudo ocorre dentro das leis naturais. Assim, não existe o milagre na acepção da palavra.

As antigas escrituras dão conta de que alguns judeus acusavam Jesus de ser um ilusionista, um mágico.

Jesus, na verdade, é um espírito mais evoluído, puro, perfeito. Dotado de um imenso amor pelas criaturas e uma enorme vontade de ajudar, estava apto a realizar tantas curas, essas perfeitamente explicáveis à luz do espiritismo.

O desconhecimento com relação à sua condição evolutiva é que também levou à crença de que ele realizava coisas extraordinárias, misteriosas, sobrenaturais. Era a única forma à época de entender o que se passava. Assim, atribuiu-se ao Mestre a realização de 35 milagres.

Conforme encontramos em A Gênese, cap. XV, “Os Milagres e as Predições do Evangelho” item 1: “Os fatos que os Evangelhos relatam e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, os que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma”. Quanto à Jesus: “a sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades superiores de seu corpo, mas das do seu espírito que dominava a matéria”.

Por ser um espírito extremamente evoluído, sem necessidade mais da encarnação, era difícil a ele manter-se na matéria. Sua passagem por aqui foi missionária, como ajuda à humanidade carecida do conhecimento espiritual e do amor ao próximo. Assim, sua alma constantemente “desprendia-se”, o que lhe dava a chamada dupla-vista, a capacidade de enxergar com “os olhos” do espírito.

Jesus possuía uma imensa quantidade de fluídos espirituais, que lhe conferiam uma imensa força magnética, potencializada pelo seu enorme amor às criaturas traduzindo-se sempre em ações do bem.

Os fluídos são o princípio elementar de tudo na natureza. Perceptíveis à visão e à audição do espírito, escapam aos sentidos carnais pesados da matéria. Jesus, evoluído como é, “manipulava” esses fluídos pela força de seu pensamento e, assim, pôde promover todos os feitos que realizou, atendendo e curando todos aqueles que o procuravam desesperados em busca de uma solução para os seus males.

Jesus a todos atendia com extrema bondade e paciência pois para ele todos eram iguais, não importando se fosse um grego rico ou um humilde etíope.

 

Os feitos de Jesus tidos como milagres

 

  • As chamadas “ressurreições”

 

– A filha de Jairo

Jairo era chefe de uma sinagoga. Certa feita Jesus estava ministrando seus ensinamentos e Jairo veio desesperado ao seu encontro dizendo que sua filha estava morrendo. Jesus então com a sua docilidade diz a Jairo: não temas, crê somente. Foram à casa de Jairo, lá chegando Jesus dispersou as pessoas que choravam e pediu que ficassem apenas os pais da menina. Tomando-a pela mão, disse: “talita, cumi” (menina, levanta-te). Imediatamente ela levantou e começou a andar.

 

– Lázaro

Fato semelhante aconteceu com Lázaro, conhecido de Jesus, bem como a suas irmãs, Maria e Marta. Ao chegar ao local onde jazia o corpo aparentemente sem vida de Lázaro, Jesus ordenou-lhe que levantasse, e esse imediatamente assim o fez e saiu caminhando.

 

– O filho da viúva de Naim

Certa feita, estando na cidade de Naim, Jesus viu passando um cortejo fúnebre e ao ver uma mãe chorando inconsolável apiedou-se da mulher, aproximou-se e lhe disse: não chores. Jesus tocou o esquife e disse “moço, levanta-te, eu te ordeno”, e o menino sentou-se e começou a falar.

 

Explicação: as pessoas que estiveram presentes nesses três eventos ficaram maravilhadas, extasiadas, o que reforçou a tese de que Jesus era um ser sobrenatural, capaz de promover prodígios inexplicáveis. A tradição conta que foram ressuscitados, mas a ciência nos mostra que ressuscitação é algo impossível.

À luz do espiritismo, a explicação clara para esses três eventos dá conta de que os três personagens envolvidos sofriam de catalepsia, doença pela qual a vítima aparenta estar morta por não serem percebidos sinais vitais, o que à época era comum.

Jesus, então, doou parte de seus fluídos vitais, fazendo com que despertassem daquela inércia.

 

  • Peixes em Genesaré

Certa feita, estando às margens do lago de Genesaré, havia grande número de pessoas aguardando para ouvir seus ensinamentos, então, Jesus subiu em dos barcos de onde os pescadores haviam saído e ordenou a Simão que fosse ao mar e lançasse as ruas redes. Esse respondeu-lhe que haviam tentado a noite inteira, mas nada haviam conseguido. Obedecendo a Jesus eles se lançaram ao mar, e os barcos dos pescadores voltaram abarrotados.

Explicação: neste caso, Jesus viu com os olhos de seu espírito onde estavam os peixes em abundância e para lá mandou os pescadores. A esse fenômeno dá-se o nome de “dupla-vista” ou “segunda vista”.

 

  • Cura de Flávia

Emmanuel em seu livro Há Dois Mil Anos, psicografado por Chico Xavier, relata em emocionante passagem como Jesus cura Flávia, a filha leprosa do senador romano Públio Lentulus, quando este o procura às margens do mar de Tibiríades. Lívia, a esposa do senador, mesmo sendo uma nobre, já ouvira falar sobre as realizações do Mestre, e ao falar sobre ele para o orgulhoso esposo, motivou-o a procurá-lo.

Explicação: Jesus curou a menina à distância também por meio dos fluídos, graças à fé demonstrada pela mulher de Lentulus.

Importante ressaltar que em todas as curas promovidas por Jesus, a fé e o mérito dos que foram beneficiados eram qualidades indispensáveis para a obtenção do êxito.

 

Mais sobre o assunto pode ser lido em A Gênese de Allan Kardec no cap. XV “Os Milagres do Evangelho”.

Por Gilson Pereira

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