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Eusápia Palladino, a médium de efeitos físicos mais estudada de todos os tempos

Nascida na Itália em 1854 na cidade de Minervino Murge, Eusápia Palladino teve uma infância muito infeliz. Perdeu a mãe algumas semanas após o seu nascimento. Ainda criança, aos oito anos de idade, perdeu também o pai, assassinado. Desenhava-se para a pequena um futuro sombrio. Sozinha, passa então a viver com a sua avó, mulher impiedosa, rude, que ao invés de amá-la como se espera das avós, maltratava a menina mostrando por ela uma enorme aversão.

A pequena Eusápia não teve condições mínimas de estudar e jamais conseguiu alfabetizar-se. Quando tinha 16 anos é enviada a uma família abastada de Nápoles e acaba por tornar-se uma empregada doméstica naquele lar.

Quando ainda mais nova, aos 14 anos, já protagonizava fenômenos que se não fosse pelo Espiritismo poderiam ser chamados de sobrenaturais, uma vez que à sua presença, objetos se moviam ou ficavam suspensos no ar. Sem saber, Eusápia era médium de efeitos físicos.

Aos dezoito anos, participou de um trabalho na casa de um senhor napolitano chamado Damiani que junto com a sua esposa fazia sessões mediúnicas em sua residência. Nessa noite, apresentou-se um espírito chamado John King, que afirmava ter sido pai de Eusápia na vida anterior, e informou que a mesma seria a protagonista de fenômenos nunca antes imaginados. Acertou.

O começo dessas ocorrências deu-se em 18881 quando Ercole Chiaia, professor de Medicina de Nápoles, convida Cesar Lombroso, notável psiquiatra e cientista italiano, a conhecer a médium que o havia impressionado profundamente ao presenciar a quantidade enorme de fenômenos ocorridos em várias sessões com a mesma. A princípio reticente, Lombroso acabou por aceitar encontrar-se com Eusápia e realizou com ela em 1892 várias sessões, muitas delas acompanhadas de perto por grandes nomes da ciência da época, tais como o médico fisiologista francês Charles Richet (1859/1935), criador do termo “ectoplasma2” e o russo Alexandre Aksakof (1832/1903), filósofo, jornalista, tradutor. Mas a notável médium italiana seria ainda observada por importantes personalidades como Giovanni Schiaparelli (astrônomo), Giuseppe Gerosa (catedrático em física), Enrico Morselli (neurologista e psiquiatra), Sir Oliver Lodge (físico, escritor), Camille Flamarion (astrônomo, escritor).

Em uma dessas reuniões, Eusápia doando os seus fluidos de efeitos físicos, possibilitou a materialização3 da mãe de Lombroso, que amorosamente dirigiu-se a ele e chamou-o de “fio mio” e lhe enviou um beijo. Rendendo-se à evidência, Lombroso declarou que se sentia envergonhado de ter duvidado e ter sido um ferrenho combatente contra os fatos espíritas, mas finalizou dizendo que eles existem. E ainda enalteceu a bondade de coração da médium pela sua forma caridosa de sempre ajudar os pobres e as crianças.

O italiano Ernesto Bozzano (1862/1943), professor da Universidade de Turim, era cético e materialista. Porém, em uma das sessões com Eusápia, viu o espírito de sua esposa que lhe dirigiu a palavra usando um dialeto genovês, que a médium desconhecia.

Em 1895, o premiado casal de cientistas Pierre Currie e Marie Currie também testaram Palladino e afirmaram ser autênticos os fenômenos por ela produzidos. Marie Currie foi a primeira mulher a ganhar por duas vezes o prêmio Nobel: de física em 1903 e de química em 1910. Pierre Currie também dividiu com ela o Nobel de 1903.

Em uma época em que a incredulidade e a desconfiança perduravam sobre os assuntos relacionados ao mundo dos espírito – e particularmente ao Espiritismo –, Eusápia Palladino, por meio de suas inúmeras sessões, convenceu céticos, notáveis em várias áreas da atividade humana e adversários empedernidos contra a veracidade da existência da vida além- túmulo.

Reconhecida como uma das maiores médiuns de todos os tempos, desencarnou aos 64 anos em 1918 após trabalhar incansavelmente para deixar ao mundo a prova de que a vida não se esgota com a morte do corpo físico e que o intercâmbio entre os dois mundos é perfeitamente possível e real.


1 Quando esses fatos ocorreram, o Espiritismo já havia sido codificado por Allan Kardec com a publicação de suas obras básicas: em 1857 “O Livro dos Espíritos”; em 1861 “O Livro dos Médiuns”; em 1864 “O Evangelho segundo o Espiritismo”; em 1865 “O Céu e o Inferno”; e em 1868 “A Gênese”.

2Substância etérea e esbranquiçada exalada pela boca ou nariz do médium de efeito físico que permite ao espírito sob a sua vontade tornar-se tangível.

3Termo usual para designar o fenômeno de aparição luminosa.

Por Gilson Pereira

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